As Empregadas Fabris


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João Luís Barreto Guimarães »»
 
Rés-do-Chão (2003) »»
 
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As Empregadas Fabris
Les employées de la fabrique


Arregaçam a manhã (as empregadas fabris)
pernas como tesouras
recortando a calçada
ferem o lenho da mesa com
sortes
de boletim. Uma sirene as trouxe aqui
(às
empregadas febris)
ancas de esboço perfeito sob
vestes de operária
tocam umas nas outras como
inda fossem meninas mas a
delas que vai noivar já
traz o primeiro a caminho. E
quando o cigarro se apaga
(ou a
cerveja se escoa) o
que resta é a dor da tarde
que nem esta chuva afaga
o
gasóleo dos rapazes que
lhes cantam a cantiga e
as tomam pela cintura. Um
foguete fecha a festa
(pelo lado de dentro da coxa)
há nelas a incerteza de
não saberem se são
incompletamente infelizes.
Elles se troussent au matin (les ouvrières de production)
les jambes comme des ciseaux
qui découpent la chaussée
elles frappent le bois de la table avec
des sortes
de bulletin : ici les conduit une sirène
(à leurs
emplois fébriles)
lignes de hanche parfaite sous
des vêtements de travail
Elles se touchent les unes les autres comme
le font encore les filles mais déjà
celle qui va bientôt se fiancer
ouvre le chemin la première Et
quand la cigarette s'éteint
(ou que
la bière s'écluse) il
ne reste plus que la douleur du soir
comme cette pluie caressante
ou
le gazole des garçons qui
leur chantent cantilène et
les prennent par la taille. Fuse
un pétard qui ferme la fête
(depuis l'intérieur de la cuisse)
il y a en elles cette incertitude
de ne pas savoir si elles sont
incomplètement malheureuses.
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Flora Lion
Cantine d'entreprise de Phoenix à Bradford (1918)
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