Vou-me embora pra Pasárgada...


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Vou-me embora pra Pasárgada...
Je pars pour Pasárgada...


Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo incosenqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei um burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’agua
Pra me contar as histórias
Que no tempo de seu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
– Lá sou amigo do rei –
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Je pars pour Pasárgada
Là-bas je suis un ami du roi
Là-bas j'aurai la femme que je désire
Dans le lit que je choisirai

Je pars pour Pasárgada
Je pars pour Pasárgada
Ici je ne suis pas heureux
Là-bas l'existence est une aventure
De manière si peu conséquente
Que Jeanne la folle d'Espagne
Reine et fausse démente
Vient d'être apparentée
À la belle-fille que je n'ai jamais eue

Et pour faire un peu de sport
Je me déplacerai à bicyclette
J'enfourcherai un âne en colère
Je grimperai au mât de cocagne
Je prendrai des bains de mer !

Et quand je serai fatigué
Allongé au bord de la rivière
Je demanderai à la Sirène
de me redire les histoires
Du temps de mon enfance
Que Rosa me racontait
Je pars pour Pasárgada

À Pasárgada il y a tout
C'est une autre civilisation
Ils ont un procédé sûr
Pour empêcher la conception
Le téléphone est automatique
Il y a des alcaloïdes à volonté
De belles prostituées pour
Ceux qui ont besoin d'amour

Et lorsque je serais plus triste encore
Mais triste de ne pas ne pas fait pour cela
Lorsque la nuit me donnera
L'envie de me tuer
– Là-bas, je suis un ami du roi –
J'aurai la femme que je désire
Dans le lit que je choisirai
Je pars pour Pasárgada

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Vittorio Zecchin
Les Mille-et-Une-Nuits (1914)
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