Heróicas - VII


Nom :
 
Recueil :
 
Autre traduction :
José Gomes Ferreira »»
 
Poeta Militante I (1977) »»
 
Italien »»
«« précédent /  Sommaire / suivant »»
________________


Heróicas - VII
Héroïques - VII


(Junto a minha voz ao coro dos poetas mais novos.
Recuso-me a ter mais de vinte anos.)

               
Não, não queremos cantar 
as canções azuis 
dos pássaros moribundos. 

Preferimos andar aos gritos 
para que os homens nos entendam 
na escuridão das raízes. 

Aos gritos como os pescadores quando puxam as redes 
em tardes de fome pitoresca para quadros de exposição. 
Aos gritos como os fogueiros que se lançam vivos nas
 fornalhas 
para que os navios cheguem intactos aos destinos dos
 outros. 
Aos gritos como os escravos que arrastaram as pedras
 no Deserto 
para o grande monumento à Dor Humana do Egipto. 
Aos gritos como o idílio dum operário e duma operária 
a falarem de amor 
ao pé duma máquina de tempestade 
a soluçar cidades de fome 
na cólera dos ruídos... 

Aos gritos, sim, aos gritos.

E não há melhor orgulho 
do que o nosso destino 
de nascer em todas as bocas... 

... Nós, os poetas viris 
que trazemos nos olhos 
as lágrimas dos outros.
(Je joins ma voix au chœur des poètes plus jeunes.
Je me refuse d'avoir plus de vingt ans)


Non, nous ne voulons pas chanter
les chansons bleues
des oiseaux moribonds.

Nous préférons aller en criant
pour que dans l'obscurité des racines
les hommes nous entendent.

Criant comme des pêcheurs lorsqu'ils tirent leurs filets
les soirs de faim pittoresque pour des tableaux d'exposition.
Criant comme des soutiers qui se jettent vivants dans
 la chaufferie
Afin que leurs vaisseaux arrivent indemnes à destination
 d'autrui.
Criant comme des esclaves qui tirent les grands blocs
 du Désert
pour le monument de la Douleur Humaine en Égypte.
Criant comme l'idylle d'un ouvrier et d'une ouvrière
qui nous parlent d'amour
au pied d'une machine de tempête
de cités de la faim qui sanglotent
dans la colère des bruits...

En criant, oui, en criant.

Et il n'y a pas de plus grande fierté
que celle de notre destin
qui est de naître en chaque bouche...

... Nous, les poètes virils
qui portons dans nos yeux
les larmes des autres.
________________

Francisco Goya
La forge (1815-1820)
...

Aucun commentaire:

Enregistrer un commentaire

Nuage des auteurs (et quelques oeuvres)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant'Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (38) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (105) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (43) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (40) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (39) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (434) Pássaro de vidro (52) Poemas Sociais (30) Poèmes inédits (251) Reinaldo Ferreira (18) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)