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Corpo habitado
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Corps habité
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Corpo num horizonte de água,
corpo aberto
à lenta embriaguez dos dedos,
corpo defendido
pelo fulgor das maçãs,
rendido de colina em colina,
corpo amorosamente humedecido
pelo sol dócil da língua.
Corpo com gosto a erva rasa
de secreto jardim,
corpo onde entro em casa,
corpo onde me deito
para sugar o silêncio,
ouvir
o rumor das espigas,
respirar
a doçura escuríssima das silvas.
Corpo de mil bocas,
e todas fulvas de alegria,
todas para sorver,
todas para morder até que um grito
irrompa das entranhas,
e suba às torres,
e suplique um punhal.
Corpo para entregar às lágrimas.
Corpo para morrer.
Corpo para beber até ao fim –
meu oceano breve
e branco,
minha secreta embarcação,
meu vento favorável,
minha vária, sempre incerta
navegação.
corpo aberto
à lenta embriaguez dos dedos,
corpo defendido
pelo fulgor das maçãs,
rendido de colina em colina,
corpo amorosamente humedecido
pelo sol dócil da língua.
Corpo com gosto a erva rasa
de secreto jardim,
corpo onde entro em casa,
corpo onde me deito
para sugar o silêncio,
ouvir
o rumor das espigas,
respirar
a doçura escuríssima das silvas.
Corpo de mil bocas,
e todas fulvas de alegria,
todas para sorver,
todas para morder até que um grito
irrompa das entranhas,
e suba às torres,
e suplique um punhal.
Corpo para entregar às lágrimas.
Corpo para morrer.
Corpo para beber até ao fim –
meu oceano breve
e branco,
minha secreta embarcação,
meu vento favorável,
minha vária, sempre incerta
navegação.
Corps à l'horizon de l'eau,
corps ouvert
à l'ivresse lente des doigts,
corps défendu
par la flamme des pommes,
apprivoisée de colline en colline,
corps amoureusement humecté
par le soleil docile de la langue.
Corps avec un goût d'herbe rase
de jardin secret,
corps dont j'ouvre la porte,
corps où je m'allonge
pour aspirer le silence,
écouter
la rumeur des oreilles,
respirer
la douceur très obscure des forêts.
Corps de mille bouches,
et plein de joies fauves,
tout à dévorer,
tout à mordre jusqu'au cri
jaillissant des entrailles,
qui grimpe aux tours,
et implore le poignard.
Corps à livrer aux larmes.
Corps pour mourir.
Corps jusqu'au bout de la soif –
mon océan pour bientôt
et blanc,
ma secrète embarcation,
mon vent favorable,
mes variées, mais toujours incertaines
navigations.
corps ouvert
à l'ivresse lente des doigts,
corps défendu
par la flamme des pommes,
apprivoisée de colline en colline,
corps amoureusement humecté
par le soleil docile de la langue.
Corps avec un goût d'herbe rase
de jardin secret,
corps dont j'ouvre la porte,
corps où je m'allonge
pour aspirer le silence,
écouter
la rumeur des oreilles,
respirer
la douceur très obscure des forêts.
Corps de mille bouches,
et plein de joies fauves,
tout à dévorer,
tout à mordre jusqu'au cri
jaillissant des entrailles,
qui grimpe aux tours,
et implore le poignard.
Corps à livrer aux larmes.
Corps pour mourir.
Corps jusqu'au bout de la soif –
mon océan pour bientôt
et blanc,
ma secrète embarcation,
mon vent favorable,
mes variées, mais toujours incertaines
navigations.
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Tung Ming Chin La naissance d'un nouveau héros (2008) |
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